Youtubers: é hora de tudo ou nada

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Quando parecia que estávamos diante de uma moda passageira (jovem milenar que fica na frente de uma câmera para compartilhar suas habilidades com seu público), ao longo dos anos, o universo ‘Youtuber’ tornou-se uma profissão (e dependendo do caso, bastante lucrativo).

Por mais que alguns queiram desacreditar este mundo afirmando que ele é habitado por adolescentes que gostam de videogames e piadas, para saber a verdadeira extensão desse fenômeno, basta pesquisar no Google a palavra ‘youtuber’. É bastante forte a associação direta com outras especialidades estabelecidas em nossa sociedade: Ciência, Educação, Política, Entretenimento, Moda, Beleza, Gastronomia … Então, estamos diante de um modismo passageiro ou não? Vamos analisar …

Relacionamento com marcas

Se alguém entendeu o potencial do movimento 'youtuber', sem dúvida, são marcas comerciais. E é que, desde o início, alguns deles buscaram fórmulas diferentes para associar seu produto de forma credível e eficaz em nível estratégico à linha editorial do perfil contratado.

Não importa quantas sejam apesar disso, são as marcas comerciais que atualmente apóiam o fenômeno ‘youtuber’, ajudando os perfis a profissionalizar seu canal, fornecendo-lhes mídia de gravação, fornecendo-lhes conteúdo, ideias, etc. A questão é simples, esse movimento teria continuidade se não houvesse dinheiro envolvido? A resposta é bastante óbvia: sem incentivos por trás, talvez nos encontrássemos diante de uma moda passageira.

Outra das questões mais recorrentes é saber se um perfil pode ganhar a vida com isso, transforme seu hobby em sua profissão. Embora pareça óbvio, a resposta tem algumas nuances. Estamos em um ambiente (embora possa parecer contraditório) pouco profissional e pouco regularizado, onde poucos têm uma agência de representação responsável por fechar acordos vantajosos com as principais marcas do setor.

Retorno do investimento: rumores e certezas

E quanto ganha um ‘youtuber’ por gerar conteúdo onde existe uma marca por trás dele? Como as marcas podem quantificar o sucesso de uma ação com um ‘youtuber’?

Em relação à remuneração que um perfil recebe cada vez que colabora com uma marca, atualmente há muito boato por trás disso. Ao contrário de outras especialidades do mundo do marketing onde existem custos predefinidos, atualmente o Perfis que hospedam seu conteúdo em seu canal do YouTube não têm uma taxa padronizada. Dito isso, os especialistas do setor que vêm ativando campanhas com os principais perfis de referência ano após ano, estabeleceram um padrão de preços que lhes permite planejar mídias digitais.

Ao grão. Se nos concentrarmos no mercado nacional, as taxas podem variar de € 2.000 por vídeo (perfil médio de mais de 100.000 assinantes) a mais de € 100.000 exigidos pelos perfis principais para associar seu conteúdo a uma marca comercial (no caso de quem quiser aceitar a proposta, pois para este tipo de perfis dinheiro não é tudo).

Caro ou barato? Dependendo da ótica para onde você olha. Os perfis premium que inicialmente requerem cerca de € 100.000 para participar em qualquer ação, estão sujeitos a meticulosos estudos de rentabilidade que visam demonstrar o retorno do investimento realizado.

Se algum de nós pensar na palavra ‘youtuber’, na maioria das vezes Rubén Doblas, um perfil espanhol mais conhecido como ‘ElRubius’, virá à mente. Pois bem, de acordo com um estudo realizado pela Sony Pictures (um dos seus principais clientes), está assegurado que do total de utilizadores impactados por um trailer de um filme onde a ElRubius está presente, 80% acabam por ir ao cinema para ver. Não se esqueça que este perfil possui um canal com mais de 23 milhões de assinantes.

Deixando a Espanha de lado, o principal expoente mundial do fenômeno ‘youtuber’ é o sueco Felix Arvid Ulf Kjelberg, mais conhecido como ‘PewDiePie’. Com mais de 53 milhões de assinantes, de acordo com a revista Forbes, no ano passado ganhou mais de 15 milhões de dólares em receita publicitária, sendo o YouTube e a própria Disney seus principais clientes. Mas não, PewDiePie não é notícia por causa de sua receita ou do número de vezes que os vídeos de seu canal foram exibidos (mais de 14 milhões). O 'youtuber' sueco é notícia por estar envolvido na polêmica …

Perfis de risco

Pois sim. Felix Arvid está na boca de todos por uma história publicada pelo renomado Wall Street Journal, onde é acusado de fazer piadas anti-semitas (‘Morte todos os judeus’) Tamanha foi a repercussão, que empresas como YouTube ou Disney foram obrigadas a romper seus contratos com o perfil sueco. A piada (com bastante pouca graça, aliás), tem sido bastante cara para PewDiePie, já que se nos concentrarmos em seu contrato com o YouTube, o lançamento da segunda temporada de sua série 'Scare PewDiePie' foi cancelado (conteúdo exclusivo para Assinantes Premium) e foi expulso do Google Preferred, uma rede criada para promover acordos comerciais entre perfis e marcas.

Mas Você não precisa ir muito longe para encontrar a associação entre ‘youtuber’ e ‘polêmica’. Em nosso país, deixando de lado o aclamado ‘Face do Portão de Anchoa’, os perfis Juan Miguel Flores (JPelirrojo) e Jorge Cremades chegaram às manchetes. O primeiro saltou para a frente ao publicar uma série de tweets onde manifestou a sua opinião após a morte do toureiro Víctor Barrio. Depois de ser acusada de se alegrar com a morte do dito toureiro, a Nestlé diante das críticas, foi forçada a romper o acordo que tinha com o perfil para a campanha de seu produto Maxibon.

Por sua vez, Jorge Cremades, uma das principais referências dos vídeos em formato de comédia, ganhou as manchetes ao decolar declarando que "Existem mais estupros de homens do que de mulheres". Sem dúvida, as declarações poucas medidas, e mais quando Cremades estava no meio da fase de promoção de seu show teatral. Tamanha foi a jornada que os principais teatros que contrataram seus serviços foram obrigados a cancelar apresentações previamente anunciadas.

Espanha, todo um mercado para legislar

Talvez uma das contas pendentes do ambiente ‘youtuber’ seja regularizar sua forma de refletir quando o conteúdo é publicitário e o consequente tributação de sua renda. Embora em outros países, como os Estados Unidos, os perfis já sejam obrigados a usar crachás publicitários em publicações onde haja relação direta com marcas (#ad), em nosso país por enquanto existe um vazio jurídico que isenta qualquer perfil de refletir que o conteúdo é publicitário, levantando dúvidas razoáveis ​​sobre a tributação dessa receita. E se houver dúvidas, não adianta que alguns dos principais ‘youtubers’ nacionais tenham se estabelecido em Andorra …

Deixando de lado questões tão árduas como a tributação do imposto de renda, o principal temor das marcas e perfis de reconhecer abertamente que conteúdo é propaganda reside na reação do público impactado, usuário com certa sensibilidade para rejeitar esse tipo de ação.

A única coisa certa é que estamos diante de um público maduro que sabe quando uma marca está atrasada em seu tempo de lazer, público que vai além da crítica fácil, reclamando principalmente de simples associação e superexposição. Basta fazer um crawl nos comentários gerados a partir de um conteúdo onde existe um acordo comercial por trás, para observar os primeiros rebentos verdes de maturidade onde se dá os parabéns tanto ao perfil quanto à marca pela sua qualidade.

Em suma, se o conteúdo é ruim (com ou sem uma marca por trás dele), ele estará mais exposto a críticas do que conteúdo cuidadoso, onde há uma relação comercial que é abertamente reconhecida por ambas as partes.

O que tanto os perfis quanto os anunciantes devem levar em consideração é que estamos em uma sociedade onde o sucesso é visto com desconfiança, sempre exposta a críticas fáceis e vantajosas. Mas isso é outra questão … Vamos nos despedir com uma nota de humor, a brilhante imitação do comediante Joaquín Reyes do aclamado Rubén Doblas também conhecido como ‘ElRubius’

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